Publicado em 16/07/18 às 05:00

A possibilidade de inclusão de familiares em planos de previdência privada instituídos por associações e sindicatos deverá dobrar o número de participantes no segmento até o final do próximo ano.

Essa é a expectativa da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). “O crescimento do setor envereda para os fundos instituídos. Há líderes envolvidos de sindicatos e entidades de classe para a criação de diversos fundos instituídos para familiares”, apontou o presidente da Abrapp, Luis Ricardo Martins.

Dados do último informe estatístico trimestral da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), relativo a março de 2018, registrava que os planos de previdência de associações (instituídos) reuniam 157,28 mil participantes e patrimônio de R$ 8,176 bilhões.

“Além do associado, agora, pode-se incluir cônjuges, filhos e dependentes econômicos nos planos. Estamos buscando, junto ao regulador, a permissão para parentes de terceiro grau [netos, por exemplo]”, explicou.

Martins esclareceu que apenas associações e sindicatos podem estruturar (criar) os fundos instituídos. “A gestão dos recursos é terceirizada para seguradoras. A grande maioria desses planos adicionam coberturas de risco de morte e invalidez”, diz.

Em outras palavras, os planos de previdência de associações são relativamente diferentes dos planos de previdência patrocinados por empresas privadas, estatais e governos (mais conhecidos como fundos de pensão), e dos planos de previdência aberta (PGBL e VGBL) comercializados por bancos, seguradoras e gestoras.

Para incentivar ainda mais esse segmento, a Abrapp também solicita junto ao governo, em razão do debate em torno da reforma da Previdência Social (pública), benefícios para quem declara pelo modelo simplificado do imposto de renda (IR). “Em qualquer lugar do mundo, a previdência privada precisa de incentivo fiscal para crescer”, argumentou Martins, também representante da OABPrev-SP.

Vantagens ao participante

A presidente da Quanta Previdência Unicred, Denise Maidanchen, lembrou que o fundo de previdência associativo possui benefícios fiscais iguais ao do Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL), ou seja com vantagens para quem faz a declaração do imposto de renda pessoa física pelo modelo completo. “Meu concorrente é o PGBL, mas conseguimos entregar uma taxa de administração bem menor [em relação aos grandes bancos]”, disse.

Maidanchen citou que a taxa de administração no principal fundo da Quanta Previdência é de 0,5% ao ano, e vai até 0,6% ao ano em planos com parceiras com outras cooperativas e associações. “Temos estudos para diminuir mais esses custos aos participantes”, diz. Na média do mercado, as gestoras cobram taxa de 1% ao ano. “Na Quanta, o ticket médio é R$ 570 por mês”, disse.

Em número de contribuintes ativos, a Quanta Previdência Unicred é a maior entidade de planos associativos, com 70 mil participantes em junho. “Tivemos um crescimento líquido de 12% no número de adesões nos últimos 12 meses. Nesse anos, estamos registrando uma média de 1,2 mil adesões por mês”, conta.

Focada originalmente no público de médicos e profissionais de saúde, a Quanta trabalha no aumento das parcerias com outras cooperativas de crédito. “Serão 60 cooperativas no total, de associações de engenheiros a profissionais da área de transportes, e devemos alcançar um público potencial de 3 milhões de pessoas em 2 anos”, aponta.

Denise Maidanchen informou ao DCI que patrimônio líquido da Quanta alcançou o montante de R$ 2,8 bilhões ao final do primeiro semestre de 2018. Os recursos em oito fundos são geridos pela Icatu Seguros, SulAmérica Seguros, Mongeral Aegon Investimentos, Quantitas Asset Management, Soma e Rio Bravo.

Questionada sobre a rentabilidade dos fundos, Denise relatou que a carteira de renda fixa rendeu 7,44% nos últimos 12 meses. Para efeito de comparação, fundos de renda fixa acompanhados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) renderam entre 6,15% (simples), passando por 7,26% (duração média e risco grau de investimento) a 9,55% (duração alta, risco soberano) em igual período.

Já o plano multimercado da Quanta mostrou ganhos de 8,12% e o fundo com renda variável (ações) teve rentabilidade de 8,33% em igual período de 12 meses até junho. “O perfil é conservador e prefere a renda fixa (75%)”, conclui.