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Pediatria volta a ser área concorrida

Fonte: JC NET Data: 24 maio 2018 Nenhum comentário

Se, em um passado recente, o déficit de pediatras era uma realidade preocupante para as redes pública e privada de saúde - incluindo em Bauru -, o crescente interesse de médicos recém-graduados pela residência nesta especialidade dá indícios de que esta dificuldade pode estar prestes a ser superada. É o que revelam os dados da "Demografia Médica no Brasil 2018", estudo elaborado pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Conforme o levantamento, a pediatria figura como a segunda especialidade com maior número de vagas ocupadas em residência médica no País. No ano passado, foram contabilizados 3.448 estudantes nesta área, totalizando 9,8% do total de vagas ocupadas.

A pediatria fica atrás apenas de clínica médica, que abrange 12,7% das vagas. E vale ressaltar que esta última acaba sendo bastante procurada por ser pré-requisito para residência em outras 12 especialidades, como cardiologia, reumatologia e endocrinologia.

Algumas mudanças ao longo do tempo ajudam a explicar o fenômeno e uma das principais é a remuneração. Com o mercado desabastecido de pediatras, condição que ainda persiste, estes profissionais se tornaram um dos mais bem pagos pelo setor público e privado em plantões ou jornadas de trabalho.

"No consultório, o pediatra continua com remuneração ruim, porque não conta com quase nada de procedimentos específicos e depende, basicamente, de consultas, que não são bem pagas pelos planos de saúde. Por isso, muitos quase nem fazem mais atendimento em consultório particular", cita o conselheiro do Cremesp, Carlos Alberto Monte Gobbo.

Enquanto ele aponta para o fortalecimento de uma nova filosofia, em que as especialidades básicas, como a pediatria, passarão a ser mais valorizadas - e requisitadas antes das outras - pela população, o presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Marcos Cabello observa um movimento diverso.

FEMINIZAÇÃO

Segundo ele, os médicos recém-graduados voltaram a ingressar na residência em pediatria com planos de, no futuro, cursar subespecialidades, como neonatologia e pneumologia pediátrica, entre outros. "Com uma qualificação melhor dentro da especialidade, a demanda do mercado fica maior ainda, o que reflete em uma melhor remuneração," pondera.

Vice-presidente da comissão de implantação do curso de medicina da Universidade de São Paulo (USP) em Bauru, Gerson Alves Pereira Júnior analisa que esta tendência foi fortalecida pela crise na carreira de pediatra gerada pelo favorecimento, por meio de políticas públicas, da medicina de família e comunidade nas últimas décadas, no Brasil.

"O médico de família acaba fazendo as vezes do pediatra, do ginecologista e do clínico geral. E o mercado desfavorável em pediatria aumentou o desinteresse pela residência na área. Mas, no fim deste processo, devido à oferta cada vez menor de pediatras, este profissional voltou a ser valorizado", pontua.

Como fator que gerou acréscimo na procura pela especialidade, ele cita, ainda, o processo gradual de feminização da medicina de um modo geral. Se, em 1970, as mulheres representavam cerca de 15% dos médicos no Brasil, hoje elas já são 45% do total, segundo a "Demografia Médica no Brasil 2018".

Entre os profissionais com menos de 30 anos, elas já são, inclusive, maioria. "E a pediatria, normalmente, é uma área mais procurada pelas mulheres. Com o número de médicas em ascensão, é natural que o volume de pediatras também cresça", considera.

DÉFICIT NA REGIÃO

Apesar das recentes transformações, a região de Bauru ainda enfrenta dificuldades com a escassez de pediatras. De acordo com Marcos Cabello, da APM, o índice atual é de 0,3 profissional para cada 1 mil habitantes, quando o mínimo ideal deveria ser quatro vezes maior, de 1,2. "Para sanar esta demanda reprimida, acredito que ainda levaremos de cinco a dez anos".

Na rede municipal, segundo a prefeitura, atendem 37 pediatras atualmente, sendo 21 em unidades de urgência, como as UPAs. Após concurso público realizado recentemente, mais um pediatra foi chamado ontem e outro ainda será para substituir um profissional que se aposentou. Para suprir férias e evitar gastos com horas extras, ainda de acordo com a pasta, o ideal seria contratar mais dois pediatras.

 

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