O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) divulgou que, em 2070,
os idosos deverão representar
quase 38% da população do Brasil,
tornando-se o maior grupo etário do país,
com uma média de 4 para cada 10 brasileiros. A
expectativa é que o número de pessoas idosas passe dos atuais 33
milhões em 2023 para 75,3 milhões em 2070. O
resultado apresenta desafios expressivos para as políticas
públicas, principalmente na área da saúde.
Estudos do governo federal indicam que
o envelhecimento populacional terá um
impacto significativo nos gastos públicos com
saúde, que devem aumentar em R$ 67,2
bilhões entre 2024 e 2034. Este montante inclui
despesas com assistência
farmacêutica e atendimento
hospitalar, à medida que a população idosa demanda
proporcionalmente mais cuidados médicos.
Dados do DRG Brasil, que analisaram 1.587.542
altas hospitalares em 2023, mostram que os idosos tendem a
necessitar de internações mais longas. Pacientes
com 80 anos ou mais permanecem, em média, 7,4 dias
internados, em comparação com a média de 2,9
dias para pacientes de 20 a 29 anos. Em termos
práticos, os idosos utilizam 2,55 vezes mais
dias de leito hospitalar por internação.
Além disso, o aumento da demanda por cuidados de saúde deve
impulsionar outros custos, como o uso de múltiplos
medicamentos (polifarmácia) e a necessidade
de cuidados domiciliares e de longa
duração.
Marcelo Carnielo, especialista em gestão de custos
hospitalares e diretor de Serviços da Planisa,
explica:
“Oenvelhecimento está diretamente relacionado ao aumento da
prevalência de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes,
doenças cardiovasculares, câncer e doenças neurodegenerativas, como
Alzheimer e Parkinson. Esses problemas de saúde requerem cuidados
contínuos, o que eleva a demanda por serviços médicos, medicamentos
e tratamentos.”
Diante desse cenário, o país precisa adaptar suas unidades de
saúde para atender às necessidades específicas dos idosos, o que
inclui a capacitação de
profissionais, adaptações de
infraestrutura e o investimento em
tecnologias
assistivas, telemedicina e inovações nos
cuidados de saúde.
“O envelhecimento da população também afeta outras áreas,
como as despesas com aposentadorias e pensões, o que pode causar
desequilíbrios fiscais, caso não haja uma reforma previdenciária
adequada. Além disso, a diminuição da população economicamente
ativa pode impactar negativamente a produtividade e o crescimento
econômico”, ressalta.