A pior consequência da diarreia é a desidratação, que pode ser
grave tanto em crianças quanto em idosos, informou o pediatra e
mestre em infectologia pediátrica pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) Edimilson Vigotski.
"Sobretudo as crianças são as mais afetadas, porque têm um
comportamento que permite o acesso ao agente infeccioso, quando,
por exemplo, põem a mão na boca, no chão, e têm menos noção de
higiene", explica. Além disso, diz o médico, esse grupo pode
apresentar o problema com maior frequência e, quando adoece, tem
mais probabilidade de uma complicação que pode levar à morte.
Para o pediatra, "o brasileiro deveria tomar menos banhos e
lavar mais as mãos". Segundo ele, a prática contribuiria para
evitar doenças como conjuntivites, gripes e resfriados. O médico
alerta os pais para os sintomas da diarreia como boca seca, lábios
rachados, confusão mental e diminuição da urina, além da evacuação
mais pastosa ou até mesmo líquida.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef), a diarreia é a segunda maior causa de morte entre menores
de cinco anos de idade. A Pastoral da Criança, que atua nas
comunidades mais pobres do país, confirma as consequências da falta
de saneamento básico para a saúde das pessoas. Nessas áreas os
cuidados devem ser redobrados e os resultados aparecem. Dados de
2012 mostram que de 1,4 milhão de crianças acompanhadas pela
entidade, apenas 5,3% tiveram diarreia.
O gestor de Relações Institucionais da Pastoral da Criança,
Clóvis Boufleur, defende o uso do soro caseiro como medida simples
que faz a diferença para tratar o problema. Ele ressalta que,
apesar de as unidades básicas de Saúde distribuírem envelopes do
produto, o domínio da técnica do soro caseiro dá autonomia para a
família até que ela busque auxílio médico.
"O soro caseiro precisa de um punhado de açúcar, uma pitada de
sal e um copo de água. A criança deve tomar aos poucos ao longo do
dia, assim ela vai repor o líquido no organismo". Segundo Boufler,
outra forma de prevenir a diarreia é o hábito de lavar as mãos.
Enquanto não há saneamento básico nas localidades, o pediatra
reforça que os pais devem manter as crianças longe do esgoto e da
água acumulada pelas chuvas e dar prioridade ao consumo de água
potável ou fervida. O pediatra lembra que o aleitamento materno
exclusivo até os 6 meses de vida é outra ação que diminui a chance
de a criança ter complicações por causa da diarreia.