Os
preços de seguros patrimoniais e de responsabilidades caíram no
segundo trimestre deste ano – foi o quinto trimestre consecutivo de
baixa. Segundo estudo mundial da corretora de seguros Marsh, a
maior queda é observada na América Latina, onde o Brasil é
responsável por metade do mercado. A combinação de três fatores
explica esse movimento no mercado de seguros mundial: excesso de
capacidade de absorção de riscos pelas seguradoras e
resseguradoras, baixo volume de pagamento de indenizações e
competição acirrada entre as companhias do setor.
Na
América Latina, especialmente no Brasil, a concorrência nos ramos
de seguros tem aumentado bastante. “A região da América Latina e
Caribe tem visto um interesse crescente de seguradoras
internacionais”, afirma o relatório da Marsh.
Seguradoras americanas e europeias têm buscado se
estabelecer no Brasil, maior mercado da região, visando um
crescimento mais acelerado que em seus países de origem, diz Thomas
Andersson, líder da divisão de riscos patrimoniais,
responsabilidade civil e produtos financeiros da Marsh. “Lá [países
desenvolvidos] o mercado de seguros é mais consolidado e as
seguradoras não estão mais dispostas a investir nesses lugares”,
afirma.
Apenas neste ano, a alemã HDI e a francesa Axa
começam a operar como seguradoras de riscos corporativos no Brasil.
Nos últimos anos, a americana XL, a canadense Fairfax, a brasileira
BTG Pactual Seguradora e a bermudense Argo iniciaram suas operações
no país. A concorrência também aumentou porque seguradoras que
antes atuavam apenas com uma linha de seguros expandiram seus
portfólios para seguros patrimoniais, casos das brasileiras J.
Malluceli (em parceria com a americana Travelers), da Austral
Seguradora e da suíça Swiss Re.
Outro
fator que tem levado à queda das taxas de seguros, a alta
capacidade de absorção de riscos é derivada da elevada liquidez
mundial em termos de capital. “Existe muito dinheiro procurando
alocação”, diz Andersson. Quanto mais capital as companhias têm,
mais seguros elas podem fazer.
Já a
questão das indenizações é bastante afetada pelo nível de
catástrofes naturais pelo mundo, responsável por grandes perdas
todos os anos. Segundo levantamento da Swiss Re, a indústria global
de seguros pagou US$ 21 bilhões em indenizações relacionadas a
catástrofes no primeiro semestre deste ano, volume 16% menor do que
em igual período do ano passado e 22% abaixo da média dos últimos
dez anos (US$ 27 bilhões).
Para
medir o comportamento das taxas de seguros pelo mundo, a Marsh
criou um índice. No segundo trimestre esse indicador fechou em
99,5, pela primeira vez abaixo de 100, valor inicial de referência
estabelecido em 2012, quando começou a ser medido. A América Latina
mostra índice de 91,6, enquanto a Ásia tem índice de 95,8 e a
Europa, de 98,3. Apenas os Estados Unidos e o Reino Unido mostram
índices acima de 100 – 102,8 e 100,4, respectivamente. Isso mostra
que o nível de preços nesses mercados é acima do nível observado em
2012.
Olhando por segmento, as taxas de seguros de
propriedade caíram, em média, 4,6% no segundo trimestre, enquanto
em linhas financeiras a queda foi de 0,6% e de seguros
profissionais, de 2,3%. Segundo Andersson, a tendência não é de
recuperação. “O cenário neste ano não deve mudar, pois continuamos
observando tendência de queda das taxas no terceiro trimestre”,
afirma.