Por iniciativa da Fenacor, foi
constituída uma comissão para discutir o papel do corretor no ramo
Saúde e apresentar propostas para aperfeiçoar as normas vigentes.
Segundo o presidente da Fenacor, a falta regulamentação específica
para a atuação dos corretores de seguros na saúde suplementar é uma
“falha” que precisa ser corrigida.
Embora possuam características
semelhantes, basicamente pela oferta de serviços de assistência
médica diferenciados, os planos privados de assistência à saúde são
diferentes do seguro Saúde. A principal diferença é o reembolso das
despesas médico-hospitalares e a livre escolha de prestadores de
serviços médicos oferecidas apenas pelo seguro Saúde. Como bem
explica o advogado Alexandre Herlin, em artigo publicado na revista
Cadernos de Seguro (ed. 183), a Lei nº 10.185/2001 acaba com
qualquer controvérsia ao confirmar a existência do seguro saúde,
enquadrando-o como plano privado de assistência à saúde, e a
seguradora nele especializada como operadora de plano de
assistência à saúde.
Tal enquadramento, segundo o
advogado, foi produzido meramente com finalidade regulatória, para
efeito das Leis nº 9.656/98 (que regula o funcionamento das
atividades inerentes à assistência à saúde) e nº 9.961/2000 (que
criou a Agência Nacional de Saúde Suplementar). “Isto é, com o
único propósito de transferir da Susep para a ANS a competência
para registrar os contratos de seguro Saúde e autorizar e
fiscalizar o funcionamento das seguradoras neles especializadas”,
registra Herlin.
Também diferem as obrigações das
empresas que operam no ramo de saúde. A seguradora assume o risco
de pagar pelo dano sofrido ou despesa incorrida, nas condições e
nos limites pactuados, nos termos dos artigos 757 a 802 do Código
Civil. Já para a operadora de plano de saúde, sua obrigação é
prestar serviço, cujo objeto consiste em uma obrigação de fazer, na
qual se compromete a trabalhar sob as ordens e a fiscalização do
tomador, conforme definido nos artigos 593 a 609 do Código
Civil.
“Corrigir a falha”
Mas, se a lei distinguiu bem o
seguro saúde dos planos de saúde, inclusive no âmbito das
obrigações, “falhou” em relação ao corretor de seguros que atua no
ramo saúde. Esta é a opinião do presidente da Federação Nacional
dos Corretores de Seguros (Fenacor), Armando Vergilio. Segundo ele,
“falta uma regulamentação específica para a atuação dos corretores
de seguros na saúde suplementar”. No intuito de corrigir essa
“falha”, a Fenacor acabou de criar uma comissão “para discutir o
papel do corretor no ramo Saúde e apresentar propostas para
aperfeiçoar as normas vigentes”.
Nomeado presidente da comissão
pela Fenacor, Amilcar Vianna, vice-presidente do Clube dos
Corretores de Seguros do Rio de Janeiro (CCS-RJ), explica por que é
necessária a regulamentação específica da atividade. “O ramo de
saúde era regulamentado pela Susep, que entende a figura do
corretor. Com a criação da ANS, o corretor não foi devidamente
observado. Corretores respondem pela distribuição de seguros de
Saúde e planos de saúde e como intermediários são responsáveis,
conforme o Código de Defesa do Consumidor. Portanto, cabe uma
regulamentação tendo em vista a imensa responsabilidade envolvida”,
diz.
Segundo Vianna, “o papel do
corretor no ramo de saúde”, que será discutido pela comissão, é,
atualmente, o mais complexo entre os ramos de seguros. “Porque
garante o que temos de mais valioso. Contar com profissional que
conheça o setor e possa defender os interesses do segurado mantendo
o equilíbrio dos contratos é fundamental”, afirma.
Para ele, junto com a
regulamentação, a capacitação pode aumentar a força de venda,
incluindo outros profissionais que atuam na área. “É importante que
tratemos do treinamento e capacitação desses profissionais.
Indivíduos preparados, conhecedores da matéria, auxiliarão o
desenvolvimento do setor como bons corretores”, diz.
Vianna está convencido de que
contará com o empenho do segmento para superar eventuais
dificuldades no processo de regulamentação. “Não há duvida que uma
iniciativa pioneira que envolve um mercado pujante como o de saúde
terá que enfrentar algumas dificuldades. Mas, os resultados serão
positivos para todos, em especial, para os consumidores. É isso que
nos motiva”, diz. Sem fixar prazos, ele adianta que os próximos
passos envolverão reuniões com a Federação Nacional de Saúde
Suplementar (FenaSaúde) para o desenvolvimento de agenda
conjunta.