Animado com o desempenho recorde do Programa de
Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) em 2013, o governo
federal decidiu fazer algumas modificações em seu funcionamento
para tentar ampliar o acesso dos produtores. As novas medidas já
foram definidas pelo Comitê Gestor Interministerial do Seguro Rural
(CGSR) e deverão ser anunciadas em breve. Iniciado no fim de 2005,
o PSR permite uma redução entre 30% e 70% do custo do seguro para
os produtores.
A
primeira mudança foi criar, como um projeto-piloto já para a atual
safra de inverno, um “gatilho” para a cobertura da produção de
soja. Para o governo entrar com o subsídio ao produtor da cultura,
será exigido que as seguradoras ofereçam uma cobertura mínima
equivalente a 60% da produtividade média registrada pelo IBGE em
cada Estado nos últimos cinco anos. “Apesar de haver pouco plantio
de soja na segunda safra, será um projeto-piloto. A soja foi
escolhida por que a média de produção do IBGE bate corretamente com
a realidade apurada na colheita”, diz Vicente Diniz, diretor do
Departamento de Gestão de Risco Rural do Ministério da
Agricultura.
A
intenção do governo é garantir um nível mínimo de cobertura para
aumentar a segurança do produtor. “Nós queremos que haja segurança
para o produtor. Esse percentual mínimo pagará pelo menos os custos
de produção”, afirma Diniz.
Além
disso, foram definidos novos limites por cultura. De todos os
recursos que serão alocados para o PSR, 25% irão para soja, 10%
para milho verão, 20% para milho inverno, 10% para uva, 15% para
trigo, 10% para maçã e 10% para outras culturas. “Queremos garantir
recursos para atender às diversas culturas e diminuir o avanço do
seguro de soja no total da subvenção”, diz o diretor.
Por
fim, o governo também decidiu conceder o mesmo limite de aplicação
para todas as seguradoras. Até agora, os valores eram definidos de
acordo com o desempenho de anos anteriores, o que desestimulava
novas empresas a entrar no mercado. A partir de agora, o desempenho
das seguradoras será revisto todos os meses. Se alguma delas não
usar toda sua margem, o valor será repassado para as
concorrentes.
Mesmo
com o desempenho recorde do PSR em 2013, o setor produtivo apontou
que os recursos disponibilizados pelo governo continuam muito
abaixo da demanda. Pedro Loyola, economista da Federação da
Agricultura do Paraná (Faep), lembra que no ano passado houve
recursos complementares para o seguro, mas que saíram apenas em
dezembro. “O governo não conseguiu emprestar mais devido a demora
em liberar os recursos. É preciso seguir um calendário. Basta
antecipar ao zoneamento agrícola”, afirma ele.
No
ano passado, R$ 400 milhões foram destinados ao PSR no orçamento do
Ministério da Agricultura. O restante dos recursos, ou mais de R$
300 milhões, foi disponibilizado por meio de Medida Provisória.
Loyola também diz que, com a adoção de médias de produtividade,
aumenta a segurança ao produtor. “Pode encarecer o prêmio, mas as
subvenções federais e estaduais podem baratear o custo ao
produtor”, disse. O Paraná é um dos Estados que contam com um
programa local de subvenções aos prêmios dos seguros.
Segundo Ademiro Vian, diretor de produtos e
financiamento da Febraban, a falta de seguradoras com mais
capilaridade no mercado também faz diferença. Segundo ele, a
vantagem do PSR é que os produtores podem contratar a proteção
independentemente de financiamento de custeio ou investimento com
um banco específico. Mesmo assim, alguns deles aproveitam a
proximidade com instituições financeiras para fechar o seguro.
“Apenas o Banco do Brasil, que se utiliza de suas agências
espalhadas pelo país, possui capilaridade suficiente para girar
rapidamente as operações. As demais operam muito limitadas em termo
de capacidade de distribuição muito tímida e inexpressivas”,
disse.
Com a
oferta recorde de recursos para o PSR em 2013, a cobertura bateu
recorde. Ao todo, R$ 16,7 bilhões foram segurados, 91,2% mais que
em 2012. Já a área segurada passou de 5,2 milhões para 9,5 milhões
de hectares, crescimento de 82%. Esse resultado é o maior já
registrado até hoje, mas representa menos de 5% da área total
ocupada pela agropecuária no país, ante percentuais de cerca de 80%
na Europa e de mais de 90% nos EUA. O número de apólices no Brasil
subiu 60%, para 101 mil.